
Apreciação Artística
Esta obra cativante retrata duas mulheres envolvidas num momento íntimo e cotidiano: descascar ervilhas. A figura sentada, com capuz e vestido volumoso, contrasta com a jovem de pé, vestida de forma simples e modesta. A mulher sentada segura as ervilhas na mão, focada e serena, enquanto a jovem se inclina, transmitindo curiosidade ou assistência gentil — uma conexão humana terna congelada no tempo. O cenário, com uma janela e estantes desfocadas ao fundo, oferece profundidade e reforça o ambiente doméstico humilde.
A técnica demonstra linhas finas e deliberadas que capturam texturas de tecidos e expressões faciais, usando uma paleta monocromática que destaca luz e sombra com sutileza. Esse uso contido de cores confere uma qualidade atemporal, enquanto o sombreado cruzado acrescenta riqueza e dimensão. O clima silencioso e intenso convida o espectador a sentir nostalgia e reverência pelos momentos simples de trabalho compartilhado e companhia. Contextualizado em 1862, a obra reflete valores vitorianos sobre família, dever e vida doméstica, sendo uma peça significativa da arte figurativa que valoriza o cotidiano com profundidade emocional e técnica meticulosa.