Esta representação cativante mostra uma jovem elegante na proa de um barco, sua figura envolta numa suave dança de luz e sombra. O artista utiliza pinceladas soltas e expressivas que mesclam tons de branco, cinza e terrosos, evocando o movimento delicado da água sob a embarcação. Sua vestimenta refinada — uma saia branca fluida com bordados delicados, uma blusa de gola alta e um xale escuro sobre os ombros — expressa graça e feminilidade, enquanto o chapéu de aba larga parcialmente esconde o rosto, conferindo mistério. O convés de madeira é desenhado com texturas espontâneas porém cuidadosas, guiando o olhar pela cena, desde o corrimão curvo até os instrumentos de navegação polidos, ancorando a composição numa realidade tangível, mas com leveza impressionista.

A paleta de cores suave cria uma atmosfera serena e contemplativa, onde a figura transmite uma força tranquila em harmonia com o ritmo do mar. Há uma tensão delicada entre a postura formal da jovem e a liberdade da pincelada, que convida o observador a imaginar as narrativas e emoções por trás do momento congelado. Historicamente, a obra reflete o fascínio fin-de-siècle pelo lazer, modernidade e mudança nos papéis femininos, equilibrando tradição e novas liberdades artísticas numa delicada poesia visual quase sussurrada.