
Apreciação Artística
Neste autorretrato impactante, a artista se retrata sentada numa cadeira de rodas, segurando uma paleta de pintor rica em detalhes e pincéis, evocando tanto vulnerabilidade quanto determinação criativa. O cenário é um quarto modesto e pouco mobiliado, com paredes em tom amarelo apagado e uma faixa azul horizontal que contrasta suavemente com o chão de madeira terroso. A presença de um cavalete ao seu lado sustenta um retrato imponente do doutor Farill, cujo olhar severo e vestimenta formal trazem um contraponto solene e digno à expressão introspectiva e composta da artista.
A técnica artística é limpa e precisa, com linhas claras que definem as formas e atenção meticulosa às texturas — a suavidade do retrato, o metal reflexivo da cadeira de rodas e as dobras do tecido em seu traje tradicional. A paleta de cores é contida, mas quente, equilibrando os azuis frios e tons neutros com os tons de pele e o peso da saia preta. Emocionalmente, a obra vibra com uma resiliência silenciosa e narrativa complexa; reconhece a dor e a limitação, mas eleva a dignidade e o artesanato acima de tudo. Criada em 1951, essa peça ressoa profundamente em seu contexto histórico, refletindo sofrimento pessoal e um compromisso firme com a arte, marcando um testamento essencial do legado duradouro da artista.